terça-feira, 12 de julho de 2011

Operação Batalhão Mall: Dos 15 detidos, 11 já estão soltos

Das 15 pessoas que foram detidas na segunda-feira passada, 4, em virtude da Operação Batalhão Mall, onze já estão com a liberdade garantida pelo Tribunal de Justiça do Estado. Os três empresários e oito dos doze policiais entraram com ação e conseguiram habeas corpus, não chegando a passar uma semana atrás das grades. Na segunda-feira,  oitenta homens e 11 promotores de Justiça envolvidos na Operação deram cumprimento a 15 mandados de prisão e seis mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. Na sexta-feira passada, o desembargador Vírgilio Macêdo Júnior expediu alvará de soltura para oito praças da PM, que estavam detidos em carceragens do Bope, na capital do estado. O sargento Francisco Xavier Leonez ainda não teve o pedido julgado.

aldair dantasCabo Jeoás apresentou documentos que, segundo ele, provam inocência de PMs presos em AssuCabo Jeoás apresentou documentos que, segundo ele, provam inocência de PMs presos em Assu

















A Associação de Cabos e Soldados da PM informou que apesar de os oito soldados terem conseguido a liberdade através da Justiça, em um gesto de solidariedade, ainda estariam na carceragem do BOPE aguardando a liberdade dos restantes. O major Carlos Alberto Gomes de Oliveira e o tenente-coronel Wellington Arcanjo de Morais permanecem detidos em quartéis de Natal.

Os empresários Rodolfo Soares Fagundes de Albuquerque e Erinaldo Medeiros de Oliveira, donos de postos de combustíveis, estão libertados. O gerente da Nossa Agência, Pedro Gonçalves, também foi solto. O promotor de Justiça de Investigação Criminal, Wendell Bethoven Ribeiro Agra, confirmou a informação da libertação de oito dos doze policiais militares presos no início da semana passada. Segundo ele, a investigação fica prejudicada. "Fica mais difícil para nós trabalharmos. Os policiais voltarão ao quartel e farão qualquer tipo de contato que quiserem", disse. Apesar da soltura de parte dos envolvidos, o prazo de 20 dias para encerrar o inquérito permanece válido. "Se todos fossem soltos, o prazo aumentaria para quarenta. Mas os oficiais permanecem detidos, então o prazo é o mesmo", concluiu.

Associação entrega documentos

A Associação de Cabos e Soldados (ACS) da Polícia Militar entregou documentos ao Ministério Público contradizendo as suspeitas de corrupção contra doze policiais lotados no 10º Batalhão de Assú. A entrega deve ocorrer ainda durante esta semana e, para a associação, demonstra o que realmente ocorria no Batalhão.

Através de nota divulgada ontem, a ACS esclarece ponto a ponto as suspeitas apontadas pelas investigações do MP, expostas durante a semana passada. O desvio de gasolina, os pontos bases em locais privados e a escolta de transportes de valores são justificados pela assessoria jurídica.

Em um dos vídeos divulgados pelo MP, aparece o suposto desvio de gasolina de uma viatura para um carro descaracterizado e, que segundo a investigação, seria de um proprietário particular. A ACS esclarece: "Em relação ao desvio de gasolina, de acordo com o depoimento do soldado acusado, a troca do combustível foi feita, sim, para um carro particular que é utilizado para o serviço investigativos do 10º Batalhão de Polícia Militar. O uso do carro é de conhecimento do Comando da Polícia Militar". Segundo Jeoás, o carro da PM que é utilizado para investigação está quebrado.

Quanto a escolta em transporte de valores no município de Assú, a associação se baseia no depoimento de um dos empresários detidos para considerá-la legal: "A explicação para a escolta de transportes de valores confirma uma das versões apresentadas em depoimento, de que o Estado autoriza a Polícia Militar a realizar escolta de transporte de valores em locais onde não haja serviço de uma empresa particular".

De acordo com a associação, o posto de gasolina em que viaturas foram flagradas paradas é um ponto base devido à violência da região circunvizinha. "O posto de gasolina, em que foi apontado uma vigilância permanente, é um ponto base de várias viaturas em serviço criado pelo comando local para coibir os inúmeros assaltos que vinham ocorrendo na região".  A ACS irá entregar um relatório ao MP, onde constam as ocorrências atendidas pelas viaturas.

"Esperamos, com a apresentação desses documentos, que o Ministério Público consiga elucidar os fatos de maneira justa e correta e, assim, possamos reverter a imagem negativa que ficou para corporação. A investigação e a prisão, da forma como foram feitas, expuseram de forma negativa tantos os policiais como a instituição. A prisão foi feita de forma truculenta com a invasão das residências dos policiais de forma a também expor as famílias desses policiais", criticou o cabo Jeoás Santos, presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM/RN.

Promotor de Justiça contesta defesa

O promotor de Justiça de Investigação Criminal, Wendell Bethoven Ribeiro Agra, contestou, de forma preliminar, as versões de defesa dos doze policiais militares presos sob suspeita de corrupção.   À reportagem, Bethoven disse não ter sido informado formalmente sobre a entrega dos documentos, mas que tudo será analisado. Ontem, a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar (ACS/PM) mostrou através de nota informações que contradiziam as investigações do Ministério Público.

"Iremos avaliar os documentos que vamos receber. Pelas informações que estão sendo me passadas agora, muitas informações não parecem ser verdadeiras", declarou o promotor de Justiça. Ele contestou cada ponto exposto pela ACS.

Para ele, é estranho um carro oficial, mesmo que descaracterizado, seja abastecido daquela forma. "Os carros oficiais, mesmo se forem descaracterizados, pertencem ao mesmo sistema de abastecimento. Não tem que ficar transportando da forma que foi feito", disse. Ele continua: "Além disso, o comandante-geral saberia se aquele carro pertence ao serviço de inteligência. Ele esteve conosco e nada falou".

Bethoven também demonstrou posicionamento contrário à informação exposta pela ACS de que "o Estado autoriza a Polícia Militar a realizar escolta de transporte de valores em locais onde não haja serviço de uma empresa particular". "Não existe essa autorização por parte do Estado", afirmou.

De acordo com o promotor, a questão foi alvo de investigação do Ministério Público no ano de 2007. "Tivemos problemas com escolta nos serviços dos Correios e do Banco do Brasil, órgãos estatais. Hoje, eles contratam empresas privadas para realizar esses serviços de segurança, inclusive no interior do estado", esclareceu.

Tribunadonorte

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