O primo do advogado Manoel Mattos, Abson Alves de Matos, disse na manhã desta sexta-feira (7) que os dois homicídios que tiveram em menos de 12 horas na cidade de Pedras de Fogo, na zona da mata sul da Paraíba, já fazem parte da lista dos cinco que ele denunciou ao Portal Correio desde a última quarta-feira (5). Ele acusa o grupo de extermínio que atua na divisa dos estados da Paraíba e Pernambuco de cometer o crime.
"Os dois homens que morreram ontem e hoje foram execução. Tanto Severino quando Orlando foram mortos por homens do grupo de extermínio. Agora, faltam três daqui para o final do ano." disse ele.
Manoel Mattos, assassinado em 2009
Severino dos Ramos Félix da Silva, 33 anos, conhecido como 'Macarrão', era ex-presidiário e foi assassinado com pelo menos três tiros na cabeça. O crime aconteceu por volta das 07h desta sexta-feira (7), na Rua Ednaldo Rodrigues Chaves, próximo ao Estádio Ronaldão. Pelas características do crime, a polícia suspeita que trata-se de execução.
Na noite desta quinta-feira (6), Um homem que trabalhava como agricultor foi assassinado a tiros. Orlando José da Silva, de 30 anos, estava em frente da sua residência, na rua da Areia, centro de Pedras de Fogo, quando homens não-identificados se aproximaram dele e dispararam vários tiros. Ele morreu no local.
Ameaça de morte
Abson Matos denunciou a repórter Pollyana Sorrentino, da rede Correio Sat, na tarde da última quarta-feira (5) que sofreu uma ameaça de morte, por telefone.
Na gravação, o homem se identifica como Antônio Gomes, um dos acusados do grupo de extermínio na divisa entre os estados da Paraíba e Pernambuco.
Na ligação, Antônio se passa por uma outra pessoa e tenta comprar um tanque de lavanderia - produto vendido por Abson Matos. Logo após, ele confessa que é Antônio Gomes e diz que Abson está devendo uma 'conta' a ele.
Histórico de Antônio Gomes
Antônio Gomes da Silva, 59 anos, é um dos principais acusados de participar do grupo de extermínio que atua nas cidades de Pedras de Fogo (PB) e Itambé (PE). Ele foi preso acusado de cometer oito homicídios na região.
Antônio Gomes, acusado de liderar grupo
No dia das mães de 2011, ele recebeu um indulto de saída e não voltou mais à Penitenciária Agro-Industrial São João (PE).
Luiz Couto, também ameaçado de morte
Na época, ele ameaçou de morte Abson Matos, o deputado federal Luiz Couto (PT/PB) e a Promotora de Justiça, Rosimere Souto Maior.
Abson Matos ajudou a polícia na captura dele, por isso recebe ameaças de morte. Ainda segundo Abson,
Antônio está detido no Presídio de Limoeiro (PE).
A polícia também investiga se ele tem envolvimento no Caso Manoel Mattos.
Caso Manoel Mattos
Manoel Bezerra de Mattos Neto foi assassinado em 24 de janeiro de 2009 por integrantes de um grupo de extermínio com ligações na Polícia Militar da Paraíba. Mattos era defensor de vítimas de pistoleiros e atuou fortemente como assessor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grupos de Extermínio.
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O advogado acabou morto com dois tiros de espingarda à queima-roupa, na frente de várias pessoas, em uma casa de praia em Pitimbu, na divisa da Paraíba com Pernambuco.
A família do advogado, que era vice-presidente do PT de Pernambuco, foi ameaçada de morte e teve que deixar a cidade de Itambé (PE), onde morava.
O assassinato de Mattos é tido como um dos mais emblemátivos pela Justiça Global, entidade que denuncia a situação dos defensores de direitos humanos a cortes internacionais, como a da Organização dos Estados Americanos.
Em outubro de 2010, o Supremo Tribunal de Justiça acolheu o pedido de federalização do caso feito pela Procuradoria Geral da República (PGR), numa decisão inédita na justiça brasileira.
Com a medida, a investigação ficou a cargo da Polícia Federal e passou a tramitar na Justiça Federal da Paraíba.
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