quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Secretário de segurança diz que PCC potiguar é apenas imitação

Por Paulo de Sousa, do Diário de Natal

As iniciais da facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) pichadas em um dos ônibus queimados na série de ataques a esses veículos, ocorrido no último dia 16 de setembro, nas quatro zonas da cidade, despertaram curiosidade da população quanto a existência de uma célula da organização no Rio Grande do Norte. No entanto, na opinião do secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Aldair da Rocha, tudo isso não passou apenas de uma imitação feita por criminosos potiguares. Ele afirma que ainda não há provas da atuação do PCC no estado e garante que não há facções semelhantes agindo em território potiguar.

Além da marca feita em um dos ônibus incendiados naquele dia, a Polícia já detectou uma casa pichada com as iniciais da facção na comunidade Beira Rio, bem como faixas com a mesma sigla na Penitenciária de Alcaçuz. Também já foi encontrado em unidades prisionais do RN várias cardenetas com o "estatuto" da organização criminosa. Aldair da Rocha afirma que teve acesso a esse material e, mesmo assim, não acredita ser verdadeira a ligação entre bandidos paulistas e potiguares.

O secretário explica sua posição dizendo que é de conhecimento da Polícia que há contato de criminosos do RN com membros do PCC, mas isso seria somente no que diz respeito ao tráfico de drogas. "Sabemos que os entorpecentes vêm do Sudeste do país para cá porque há a comunicação entre traficantes daqui com os de São Paulo. Mas daí a termos integrantes dessa facção aqui é mais difícil". O delegado federal argumenta que a organização criminosa faz várias exigências aos seus membros, entre elas o envio de quantias consideráveis de dinheiro aos líderes paulistas. "E não acredito que os criminosos daqui tenham essa capacidade".

Autopromoção

Para Aldair da Rocha, a utilização da sigla PCC por criminosos potiguares é uma forma de autopromoção. "O que eles têm, na verdade, é uma admiração pelo que representa a facção e tentam se promover, provocando terror à população e aos agentes de segurança do estado". O secretário alega que as investigações em torno dos ataques do último dia 16 ainda não apontaram provas da participação efetiva de criminosos paulistas. "Toda a suspeita ainda gira em torno da transferência de líderes da Penitenciária de Alcaçuz para o Presídio Federal de Mossoró, o que teria motivado os ataques". Ele lembra que na semana em que houve os atentados, várias rebeliões ocorreram no presídio de Alcaçuz, exatamente porque os detentos estavam incomodados com a retirada de 15 presidiários que exerciam liderança naquela unidade prisional.

O secretário assegura ainda que não existem facções semelhantes ao PCC (paulista) ou o Comando Vermelho (carioca) no RN. "Existem vários grupos criminosos, quadrilhas, mas nada igual a essas duas organizações. É difícil de dizer quantos deles existem pelo fato de, muitas vezes, membros de um grupo desses resolve se separar e montar o seu próprio. Aprendem um modo de agir, como aconteceu com as explosões de caixas eletrônicos, e depois de conseguir bastante dinheiro, faz por conta própria".

O titular da Sesed ressalta que os estados do Nordeste vêm sofrendo com um avanço na criminalidade devido ao fato de os investimentos em segurança pública nos últimos anos não acompanharam o desenvolvimento das cidades. "Principalmente em cidades pólos do interior dos estados, como Mossoró, por exemplo, que tiveram um forte crescimento, mas a estrutura de segurança não aumentou na mesma proporção".

*Fonte: DNonline

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